sexta-feira, 9 de novembro de 2012

190 NELES

"Quem defende o que Rita Lee fez também se considera acima da lei. Quem se considera acima da lei é apenas mais um enrolador de beque da Avenida Beira Mar. E como os enroladores de beque da Avenida Beira Mar, mais um crente na licença poética da desobediência civil. Nossa sorte é que a polícia tem licenças melhores. Uma delas sempre sobrepuja a licença poética da desobediência civil: a licença poética do 'encosta aí, vagabundo'. É o que garante que a sociedade sobreviva à negação da própria sociedade."

Rita no congresso de bundões da MPB
O barulhento comício neo-anarquista de Rita Lee na Barra dos Coqueiros teve duas utilidades. A primeira foi distribuir bordoadas e catiripapos nos enroladores de beque da Avenida Beira Mar. Eles estavam merecendo isso há muito tempo. Espero que seja periódico. Parabéns à polícia, apesar de seu bundamolismo de não enquadrar a mutante depois de seu primeiro “o show é meu”. A segunda foi identificar a qualidade dos adeptos rita-leeanos. Nada animador. Em socorro da velha, se apresentaram em primeiro plano os bundões sub-anarquistas da MPB. Em segundo, Heloísa Helena, o eclipse PSOLar ultra-feminista. Se houver algum outro além destes dois, já será baixaria demais para este blog de família.

Pelo twitter, Beto Lee mostrou-se tristinho com o calvário judicial de sua mãe. Os bundões da MPB vieram galopando tranquilizá-lo. Maria Rita achou a ação judicial um exagero de palhaçada e foi rezar. Lulu Santos achou o processo chocante, desnecessário e arbitrário. Esses foram os da MPB. Logo abaixo na escala de bundões vem Tico Santa Cruz, que não sei como caracterizar. Não lembro o que ele disse.


Quem defende o que Rita Lee fez também se considera acima da lei. Quem se considera acima da lei é apenas mais um enrolador de beque da Avenida Beira Mar. E como os enroladores de beque da Avenida Beira Mar, mais um crente na licença poética da desobediência civil. Nossa sorte é que a polícia tem licenças melhores. Uma delas sempre sobrepuja a licença poética da desobediência civil: a licença poética do 'encosta aí, vagabundo'. É o que garante que a sociedade sobreviva à negação da própria sociedade.  

A negação da sociedade é uma praga pré-adolescente. As pragas pré-adolescentes são perigosas, mas fugazes. Quando a adolescência acaba e o sujeito continua a pensar e agir como se ainda estivesse lá, não temos mais um caso de delinquência. Temos um caso de demência. Minha adolescência acabou quando o rock se aposentou e Chuck Schuldiner morreu. A partir daí, desisti de um mundo legislado por eles e decidi me apegar aos símbolos mais pétreos do status quo. Não foi difícil. Porque se no lugar de Chuck Schuldiner temos Tico Santa Cruz, eu prefiro a polícia. Se no lugar do heavy metal temos One Direction, exijo o rigor do Código Penal. Se no lugar do rock temos “Deus me defenda”, reivindico a adoção do Vade Mecum no pré-primário.

O ponto mais baixo da carreira de Rita Lee, entretanto, não foi em cima do palco ou na Plantonista da Rua Laranjeiras. Foi descendo de uma van acompanhada por Heloísa Helena. Ignoro o que seja ser amigo de Heloísa Helena. O que sei de Heloísa Helena é tudo aquilo que ela se esforça para mostrar que é: um perdigoto de Eduardo Galeano boiando entre o gulag soviético e o calote à dívida externa. O PSOL é o PT em 1982. O PSOL é Heloísa Helena.

Heloísa Helena veio prestar apoio a Rita Lee. Ela acha que a polícia foi truculenta com a velha. Ela acha que Rita Lee disse “venham me prender” e “filhos da puta” guiada pela emoção. Heloísa Helena prefere a polícia serena e compreensiva dos programas estatizantes e caloteiros do PSOL. Ela prefere a liberdade civil de Stalin e Pol Pot.

Heloísa Helena seria capaz de qualquer coisa para defender Rita Lee. Eu não. Mas faria alguma coisa para defender Rita Lee de Heloísa Helena, Lulu Santos e Maria Rita. (Tico Santa Cruz precisa ficar em outra frase). Mas se alguém avistar Rita Lee por aí ao lado dos enroladores de beque da Avenida Beira Mar, não tenha dúvida: é baderna. 190 neles.

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