quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O TCE É MEU

Faz de Contas que eu tô lá

Belivaldo Chagas já era. Suzana Azevedo acabou. Quem vai terminar indo para o Tribunal de Contas do Estado sou eu. Sou jornalista, igual a Reinaldo Moura. Nasci em Aracaju, igual a Carlos Pinna. Tenho o que comemorar no dia 29 de maio, igual a Clóvis Barbosa. Me formei pela UFS e sei fazer conta, igual a Carlos Alberto Sobral. Quero distância do governo, como Ulices Andrade. Mas nem tanta assim, como Clóvis Barbosa. Reúno características cruciais de todo mundo. Mas trago um diferencial que os rebaixa imediatamente: tenho menos de trinta e cinco anos.

Ter menos de trinta e cinco anos me retira do carro alegórico das testemunhas oculares da ditadura, dos senadores biônicos, das indicações arbitrárias de fantoches estratégicos sem sutilezas. Por outro lado, ter menos de trinta e cinco anos me permite saber mexer no Youtube. E encontrar a sabatina do senhor Alexandre Bossi durante sua candidatura a conselheiro do Tribunal de Contas de Minas Gerais.

Pelo que consta, Alexandre Bossi foi o primeiro "não-político" do país a se candidatar a uma vaga de conselheiro de um Tribunal de Contas. Servidor de carreira, Bossi não tinha a intenção de se tornar um conselheiro, mas de realizar uma candidatura de protesto. Depois de arremessar no colo dos deputados presentes à sabatina uma citação de Lopes de Sá e um comentário do ministro Joaquim Barbosa sobre o Tribunal de Contas da União – “um cabide de emprego para políticos sem voto e em fim de carreira” -, Bossi anunciou sua desistência e iniciou uma campanha pelo tecnicismo na Corte de Contas.

Não sei como reagiram em Minas Gerais. Sei que, em Sergipe, Bossi seria sutilmente acarinhado com um polpudo cargo de comissão nas profundezas do Estado em troca do fim sumário de sua gritaria. As atuais alianças políticas não estão preparadas para abrir mão de um expediente como as vagas de conselheiro. Porque elas são a grande geladeira de ouro de gente que não aguenta mais a própria sombra na política, mas, por ter estado enterrada nela - e tê-la enterrada em zonas preocupantes -, sabe demais. 

Eu sei o que Alexandre Bossi andou falando por aí. Portanto, à minha maneira, também sei demais. Quero esse cabide de emprego. Só falto ser um político sem voto, em fim de carreira e com mais de trinta e cinco anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário