sexta-feira, 19 de outubro de 2012

GRATUIDADE GOVERNISTA: QUEM PAGA?

“Cláudio Nunes é um colunista local. A única vantagem de ler sua coluna é a inofensiva disponibilidade gratuita. Mas isso foi até ontem. A partir de hoje, estabeleço que a gratuidade de ler Cláudio Nunes é a única gratuidade que gera prejuízo. Prejuízo intelectual.”


Quero mais leitores. Mas não sou bom nisso. Se realmente fosse, colocaria um link do Ego no meio de uma foto da bunda de Andressa Urach. Mas penso nisso amanhã. Hoje, considero-me de folga. Não estou interessado em leitor algum. Para ter certeza de que ninguém virá aqui, tratarei de coisas sem importância. Proinvest. Governador chorão. Colunistas locais. Adeus pra você que se entediou.

Cláudio Nunes é um colunista local. A única vantagem de ler sua coluna é a inofensiva disponibilidade gratuita. Mas isso foi até ontem. A partir de hoje, estabeleço que a gratuidade de ler Cláudio Nunes é a única gratuidade que gera prejuízo. Prejuízo intelectual. Seu último texto, “O verdadeiro líder”, é o retrato típico da absoluta miséria analítica que flagela o jornalismo sergipano, alienígena deliberado de sua própria realidade – seja política, seja econômica, seja cultural, seja comunicacional, seja zoológica, seja proctológica, seja zoológico-partidária, seja comunicacional-proctológica.

“O verdadeiro líder” descreve Marcelo Déda como um ente supremo. Mais mil toques e teríamos um governador imaterial. No aguardado fim do texto, quase somos obrigados a ser gratos pela liderança dediana, tão à frente de nossa insignificância moral. Tudo bem até aqui. Nunca se espera menos do que isso em Cláudio Nunes. Até o típico e enjoado “continuarei criticando o governador” está lá, fazendo todos se sentirem em casa.

O problema é que a elevação de Marcelo Déda a um Churchill do Coité decorre de sua postura em uma circunstância particular: o já enfadonho mimimi do Proinvest. Pelo que consta, o mimimi do Proinvest não revelou o melhor de ninguém. O mimimi do Proinvest só revelou que a Assembleia, de novo, atira o pauzinho para o governo ir buscar no mato. Quando uma Assembleia faz isso com um governo, podemos dizer que o governador é muitas coisas. Menos “um verdadeiro líder”.


Cláudio Nunes louva a atitude do governador de fazer apelos políticos no meio de um tratamento de saúde: carimbo de líder nele. Estranho. Para um sujeito interromper um tratamento de saúde, é necessário estar desesperado para fazer outra coisa. Quem está desesperado para fazer outra coisa está com medo. Quem está com medo faz qualquer coisa para se afastar do que lhe dá medo. 


O medo de Déda é levar mais um chute de ripa dos irmãos Amorim. Para fugir disso, ele faz qualquer coisa. Até mesmo insinuar sua fragilidade como lubrificante de opinião pública. Até mesmo acionar o Sistema Alvoroço de Publieditoriais do Departamento de Alisamento de Pentelho do Governo (o SAP do DAP). Não há nada de errado nisso. Sergipano é broco. A estratégia está correta. Mas quando um governador precisa assediar a opinião pública para pressionar Assembleia, está fraco e exposto. Muito longe da sólida dignidade articuladora de um “verdadeiro líder”. 

All together now

Cláudio Nunes aplaude a “humildade” do governador e a vincula a um pendor para a liderança alexandrina. É claro que ele se refere a uma humildade circunstancial. Pelo que consta, Déda é famoso pelo elitismo universitário quase enrustido, que o faz empurrar lideranças municipais para o café com biscoito duro da Casa Civil. Não que ele esteja errado. Não há nada pior do que uma liderança municipal sergipana na sua sala.

A questão é que humildade e diálogo não são do feitio político do governador. Se o seu tom é mais brando, é porque está em desvantagem. Se sua postura é de reverência, é porque a coisa enfeiou. Se sua mão está estendida, é porque lhe tomaram o porrete. Quem consegue chegar a esse nível com a máquina administrativa no quintal pode ser muitas coisas. Menos um “verdadeiro líder”.

Lá pelas tantas, Cláudio Nunes admite que ‘O verdadeiro líder’ é uma rapadura congelada. Para amenizar, pousa a mão no ombro do leitor, incitando-o a suspender sua provável incredulidade e deixar de lado “todo o sentimento político e partidário”. Complicado isso aí. Se o leitor de Cláudio Nunes suspender “todo o sentimento político e partidário”, nunca mais volta lá. Porque o que justifica a leitura de coisas como ‘O verdadeiro líder’ é justamente o apelo ao sentimento, à sensação, à ausência de discernimento, à suspensão do raciocínio, à atração pela personificação quase getulista e pela retórica do adesismo. Quando se abre mão disso, só sobra a gratuidade. No meu caso, até ontem.

O jornalismo sergipano é um negócio realmente mal prestigiado. Só sendo tão mal prestigiado para permitir o desenvolvimento de um governismo tão criativo. Porque só no realismo fantástico que se concebe que o governo está por cima mesmo sendo elemento passivo. Que está mandando mesmo abanando o rabinho. Que está falando grosso mesmo quando se assusta com CPIs dos bajuladores, da impressora quebrada, do misto com suco, do tuiteiro fuleiro.

Quem precisa disso. Preciso mesmo é de mais fotos de Andressa Urach.

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