quinta-feira, 4 de outubro de 2012

VIVA JOÃO, O ABRÃAO – OU UM PASSEIO DE VLT PELA CANDIDATAGEM

Pela mercê da Ponte

João Alves Filho é um experimento genético com os DNAs do patriarca Abrãao e de Odorico Paraguaçu. Seu projeto político, como o de Odorico, é ruim. Suas referências, como Jaime Lerner – o Oscar Niemeyer de 2042 – , são ruins. Seu léxico, como o de Odorico, é ruim. Sua improbidade é ruim. Seu complexo de Terra Prometida, que afetou Abrãao, é insípido. Seu trânsito em Brasília, como seria o de Abrãao, é ruim. Sua maneira de dizer que vai construir maternidades em Putaquiparilópolis, como Odorico, é ruim. Sua dentição em imagem digital é ruim. Sua provável minoria na Câmara será um desastre gerencial. Sua noção de gestão, eficiente nos anos 70 e 80, não serve mais. Por tudo isso, João Alves é o prefeito ideal para Atrasaju. Digo, Aracaju.

O governo de Edvaldo Nogueira foi constantemente execrado porque o aparelho de comunicação dessa “esquerda”, a constrangida – e corrompida, como diriam os “comedores de burgueses”, no mal e no bom sentido – , é estéril. Ela simplesmente não sabe o que fazer com o novo repertório de escolhas políticas, de conchavos, de promessas feitas e derrubadas, de obscenidades. Limita-se a ser cinematográfica e pasteurizada. O objetivo da atual comunicação não é ser institucional e mediocrizada, como pede a média e o desinteresse da população. É receber um e-mail elogioso de João Santana.

Expressivo como um jerimum, Edvaldo não nasceu para a mídia. Foi um medroso incorrigível, que abusou do expediente de ser irreverente para cobrir os terríveis buracos de sua insegurança pessoal como líder. Abaixo dele, as coisas funcionaram aqui ou ali e deixaram de funcionar aqui ou ali como em qualquer governo. Atrasaju não quer mais isso. Atrasaju não precisa mais disso. Atrasaju precisa de alguém que sabe se portar como líder político. Atrasaju precisa de alguém que nasceu para a mídia, como Odorico Paraguaçu. Atrasaju precisa de um patriarca com o bolso cheio de promessas, como Abrãao. 


"Que será que a Carminha fez na novela hoje..."

Diante de tudo isso, que se destaque que Valadares Filho não é o sujeito certo para a capital sergipana. Primeiro porque seu governo seria pouco diferente do de Edvaldo. Sua inocuidade como articulador seria um chamariz de críticas e avaliações populares muito maior do que os percalços administrativos. O eleitorado de Atrasaju é midiático. Mas não se pode dizer que a atuação parlamentar do deputado federal foi apagada. Entre proposições interessantes, indispensáveis, convenientes e outras simplesmente pomposas, ele tentou instituir o Dia dos Cantos Populares do Brasil. Desde que soube disso, não sei o que fazer sem um Dia dos Cantos Populares do Brasil. Sugiro que seja no dia 7 de outubro, com dedicadas e barulhentas comemorações em escolinhas públicas.  

Outra proposta de sua autoria é a implantação de um Fundo Nacional do Desporto Não Profissional, uma ideia populista e caduca desde a sigla – Funesporte. O projeto resume-se em tirar o esporte da feiura obscena da diletância, substituindo os campinhos de lama da periferia por grama sintética e estagiários de arbitragem à disposição. Mas o Brasil precisa da várzea. Atrasaju precisa da várzea. É da lama que surgem nossas lendas, telúricas, puras, intocadas. É na lama, também, que outros têm a oportunidade de repensar a vida e a carreira, como Almeida Lima. Não tirem a lama de Aracaju. Não tirem a lama de Almeida Lima.

Atrasaju quer sair do vermelho sem resvalar no amarelo. Primeiro porque o vermelho lembra incompetência comunicacional. Segundo porque o amarelo vende um novo ventríloquo da renovação e assinala o fim da várzea. A capital também não quer saber de programas eleitorais gravados no puxadinho do sindicato e com padrão Al Qaeda de edição. Quer infográficos caros e uma cara conhecida na televisão. Um totem de voz paternal e discurso caricato. Um Odorico Paraguaçu da Terra Prometida. Uma salva de mil navalhas para o nosso novo líder. Digo, nosso líder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário