quinta-feira, 25 de outubro de 2012

PROINVEST É A IMPRENSA QUE O PARIU

"Façamos um joguinho. O comentarista que amanhecer os próximos dias pregando republicanismo e bom-senso aos parlamentares ganhará o troféu 'Secom de difusionismo em prol da pressão política governista e da falta de assunto'. O comentarista que amanhecer os próximos dias com novas declarações de Jackson Barreto (...) ganhará um telefonema de Expedita Ferreira."
Se o Proinvest aparecer mais uma vez em alguma manchete, telefonarei imediatamente pra filha de Lampião, Expedita Ferreira. Como se sabe, Expedita Ferreira está determinada a extinguir da face da terra – por meios jurídicos – um livro que acusa Lampião de ter sido gay. Não conseguiu extinguir o livreco nem da face de Salvador. Mas só com a ajuda de sua determinação de extinguir coisas conseguirei eliminar da face dos noticiários sergipanos – por qualquer meio – matérias que tragam Proinvest ou declarações de Jackson Barreto.

O Proinvest é o tema de verão da imprensa pateta. O que significa que a imprensa pateta e o governo pateta e desesperado, afinadinhos, estão em coito explícito. O problema é que é um coito com clímax privado. Um coito em que quem goza é quem está filmando: os Amorim Brothers. Enquanto os títeres da dupla se divertem nas comissões da Assembleia jogando Angry Haddad com o site da Secretaria do Tesouro Nacional minimizado, os noticiosos locais mastigam caninamente a ração distribuída pelo Departamento de Alisamento de Pentelho oficial. A dieta é simples. Meia tigela de “esses recursos são fundamentais”. Um tantinho de “me sacrificarei pelo estado”. Outro tantinho de “as criancinhas estão esperando a liberação”. Outro tantinho de “bora, porra, o BNDES tá no meu cangote”.

Quem não acompanha nada vive na sábia paz de sua ignorância. Quem tenta acompanhar, como eu, passa maus bocados. Ando tendo alucinações. A manchete de ontem do site do Estadão trazia “Haddad tem 49% e Serra 36% em São Paulo, aponta Ibope”. Ao invés disso, vi “Proinvest tem 49% de chance de ser aprovado se Jackson aparecer 36% menos, aponta Oliveira Jr”. A manchete da Folha de São Paulo trazia “Mais próximas dos consumidores, Coca-Cola e Omo são as mais lembradas”. Ao invés disso, vi “Mais próximos do Proinvest, Piauí e Roraima zombam de Sergipe”. O site do Jornal do Brasil trazia “STF condena Marcos Valério a 40 anos de prisão”. Ao invés disso, vi “Imprensa sergipana condena leitores a mais 40 manchetes sobre Proinvest”. O Terra trazia “Para Haddad, vantagem sobre Serra em pesquisa ‘não é confortável’”. Ao invés disso, vi “Para Amorim, vantagem humilhante sobre Déda ‘não foi João que fez’”.

Não existe solução para isso. Quando não existe solução, o jeito é se divertir. Façamos um joguinho. O comentarista que amanhecer os próximos dias pregando republicanismo e bom-senso aos parlamentares ganhará o troféu “Secom de difusionismo em prol da pressão política governista e da falta de assunto”. O comentarista que amanhecer os próximos dias com novas declarações de Jackson Barreto e de secretários de Estado se borrando diante do 31 de janeiro – prazo final determinado pelo BNDES e data do apocalipse particular de Sergipe – ganhará um telefonema de Expedita Ferreira. O comentarista que entender que suítes jornalísticas pressupõem acréscimo de fatos – mesmo na realidade subterrânea de Sergipe – que pegue a câmera aqui um estante. A pornochanchada tá boa. Mas preciso ir ali mudar de assunto. E encomendar um livro de Lampião. Dizem que só tem em Salvador.

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